Em alguns casos, as refeições eram servidas em latas e os trabalhadores comiam sentados no chão (Fotos: Divulgação/MPT) |
Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Ministério Público do Trabalho (MPT) registrou 130 trabalhadores em situação análoga à escravidão em
dez cidades na região norte do
Piauí. Eles dormiam em
redes junto a porcos em alojamentos de fazendas de extração da palha da carnaúba. O flagrante ocorreu entre os dias 20 e 24 deste mês, durante a Operação Projeto Palha Acolhedora.
O resultado da operação foi divulgado nesta terça-feira, 28, em Teresina. A carnaúba é uma árvore cuja cera é usada na confecção de produtos industrializados, como cosméticos, alimentos e remédios.
Segundo a fiscalização, foram encontrados trabalhadores sem alojamento
adequado, carteira assinada, equipamentos de proteção individual e sem
condições mínimas de higiene, saúde e segurança. Eles ganhavam entre R$
30 e R$ 60 por dia.
As propriedades rurais ficam nos municípios
de Bom Princípio do Piauí, Buriti dos Lopes, Cajueiro da Praia, Caxingó,
Caraúbas do Piauí, Cocal da Estação, Ilha Grande, Luís Correia, Murici
dos Portelas e Parnaíba. Apenas em uma localidade, onde 30 pessoas
trabalhavam, a situação era regular.
"O cenário que vimos foi de
uma indignidade absurda. É inadmissível que uma atividade secular, que
emprega cerca de 12 mil trabalhadores no Piauí, ainda trate o ser humano
de forma tão degradante, sem lhes garantir direitos, nem mínimas
condições de trabalho", afirmou o procurador do Trabalho José Wellington
Soares.
Dormindo com porcos
Em uma das propriedades
inspecionadas, localizada próxima à praia do Arrombado, em Luís Correia,
foram encontrados quatro adolescentes trabalhando em situação
identificada como trabalho infantil.
Segundo os fiscais, nesta
fazenda, que não teve o nome revelado, os trabalhadores não tinham
equipamentos de proteção individual, não havia banheiros disponíveis e
os trabalhadores dormiam ao relento ou em um alojamento onde eram
criados porcos.
A fiscalização diz ter encontrado ainda
recipientes de agrotóxicos sendo reutilizados para armazenamento de água
para os trabalhadores beberem.
Em alguns casos, as refeições
eram servidas em latas e os trabalhadores comiam sentados no chão,
próximos a fezes de animais, relata a fiscalização.
O MPT diz
que recomendou aos arrendatários das propriedades que paralisassem
imediatamente as atividades e procurassem o Ministério do Trabalho para
regularizar a situação.
O órgão vai instaurar inquéritos civis contra os exploradores das terras e os proprietários das fazendas.
Trabalhadores não tinham banheiros disponíveis e eles dormiam ao relento ou em um alojamento onde eram criados porcos (Foto: Divulgação/MPT) |
Trabalhadores não tinham alojamento adequado (Foto: Divulgação/MPT) |
Quatro adolescentes foram encontrados em situação identificada como trabalho infantil (Foto: Divulgação/MPT) |
Em uma das fazendas no norte do Piuí as refeições eram servidas em latas e os trabalhadores comiam sentados no chão (Foto: Divulgação/MPT) |
Recipientes de agrotóxicos eram reutilizados para armazenamento de água para os trabalhadores beberem (Foto: Divulgação/MPT) |
Carne era guardada fora da geladeira em alojamentos (Foto: Divulgação/MPT) |
Com informações da Uol.com
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